Há 5 horas
Alice Valente Alves em ENTREVISTA na Antena-2
a
ALICE VALENTE ALVES
sobre o projecto «CORPOtraçoCORPO - a poesia e a pintura»
no Programa «A Força das Coisas» da Rádio Antena-2
(nov.2005)
(nov.2005)
Entrevista sobre o projecto [Lisboa é POESIA]
(excertos:)
(...) A cultura é uma questão de alimento enquanto pensamento. A cultura é o alimento da vida para a dignidade humana. Há que fazer, com o que de melhor temos para dar. Há que fazer, simplesmente o que melhor sabemos fazer e sem preocupações, se vai ser bem sucedido ou não. É uma espécie de Devir ou futuro que não obedece ao Dever, e tal como afirma Bento Espinosa na sua Ética em que não impõe o "devemos fazer" mas sim "de que é que somos capazes de fazer". A Ética de Espinosa é uma matéria da potência do Devir e não do Dever.
─ Sim, penso implementar mais actividades em [Lisboa é POESIA] e porque de certa forma, este projecto está associado a todos os meus outros projectos da imagem enquanto pensamento (ou imagem na arte) nestas três vertentes artísticas que domino: a Poesia, a Pintura e Desenho e a Fotografia. E desde o início que as penso, mas só as penso ainda. A seu tempo virão ou surgirão os devidos acontecimentos, espero.
(...) e estou imensamente grata a todos os participantes e amigos que têm apoiado, colaborado e divulgado este projecto e em especial agradeço aqui e agora à Patrícia Creado, uma jovem e promissora socióloga, por se lembrar desta sua tão cuidada e motivante entrevista que me acaba de fazer, e coincidindo com um ano após o início dos Passeios Culturais no Chiado «[Lisboa é POESIA] –Lisboa__Lx». Um grande, grande abraço.
Ensino tendencioso
A Faculdade é que é tendenciosa
quando adverte alunos à não crítica em seus trabalhos e apresentações escritas, na repreensão do aluno sempre que este expõe ou manifesta a sua ideia,
pensamento ou opinião, dizendo-lhe que assim está a tornar o seu texto ou trabalho,
tendencioso.
Quando professores ensinam este estar, mal estará essa mesma sociedade. E neste estar, há muito professores que ensinam e alunos que aprendem, com toda a normalidade. Com este estar tudo está a ser formatado, a tornar-se igual e a banalidade a instalar-se ferozmente. E o desinteresse generaliza-se de tal forma, que muito certamente nem os professores irão ler com o devido cuidado os textos, porque saberão de antemão o que lá estará escrito, só lerão na diagonal, é simples. E nem os alunos se interessarão porque não poderão mostrar e desenvolver as suas ideias. Assim, vai-se para a faculdade por uma aparência que se institucionalizou e a fingir que se vai aprender a ser-se bem-sucedido, e não como seria de esperar e em sua crucial função, no desenvolvimento das capacidades que cada pessoa ou aluno possui, para marcar a diferença ou para que o futuro seja uma realidade por dignidade, descoberta e encanto.
E os alunos têm vindo a aceitar esta moda ou fingimento, e os pais igualmente
têm incentivado esta tendência, é preciso ter boa nota e ser-se bem visto
perante o professorado e a sociedade, de modo a ter-se um qualquer futuro e a
ser-se o mais inclusivo possível nesta sociedade de cidadãos acríticos e do
faz-de-conta, em sociedade esta cada vez mais assente num atroz fascínio e ao acato
do que o consumo a possa satisfazer. Pensar cada um por si, não vale de nada,
aliás pouco interessa, e esses que o fazem são mais que marginalizados e o pior
é, quando se automarginalizam, numa total aceitação e resignação do que está
mal.
Se és irrequieto, desobediente ou introvertido, a escola e o ensino não são para ti. E para que possas continuar nessa mesma escola e em sua sociedade terás de entrar na normalidade vigente e só assim serás mais um entre os muitos que se querem bem-sucedidos. E como tal há que ser vencedor e apoiar os vencedores, e para que assim seja, terás de alterar teus comportamentos, e para isso terás a ajuda de todos os instrumentos que o sistema dispõe e que são mais que muitos, e o remédio é santo, podes crer e nem que te tornes num coitadinho (bem-sucedido). E lá serás então, mais um entre os muito obedientes que para aí pairam nos hábitos de se fazerem à vida pela imitação de um miserável e proveitoso sucesso à vista.
Só que a vida não só essa coisa de se aprender assim, em aparências e falsidades. A vida e a dignidade de se estar vivo a olhar os outros com respeito, é muito mais do que essa coisa de se ser vencedor custe o que custar em terra que constrói impondo inimigos a si próprio. Oh mas que inteligência essa, tão altamente cordial quanto de tão propositadamente artificial.
E a crise aí está para reinar, pelos muitos que ainda se atém à obediência de um mal que os dita e rege por uma obrigatória disposição ao não-vómito. Mas a qualquer instante, o tal incómodo momento surgirá e de tal forma, a nos termos de aliviar de vez dessa indisposição e em seu derradeiro vómito.
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