(...) O projecto ( work in progress ) de Alice Valente Alves parte ele também da vivência da cor, mas dum modo não limitado a uma experiência social e humana no tempo. Não me parece sequer que haja uma técnica que se estende a todas as cores escolhidas e representadas; julgo que se pode dizer que cada uma delas resulta (resultou) de sensações e sentimentos que conduzem à cor, e esta à forma e à textura. Comum a todas elas é talvez o predomínio do orgânico, não exactamente como forma de um conteúdo (pois os conteúdos formalizados nunca serviram outra coisa senão as diversas técnicas), mas como padrão. E porque neste projecto a própria escolha das cores (vermelho, castanho-terra, cor de pele, agridoce do laranja-lima) assim está orientada. (…)
CORPOtraçoCORPO, apesar desta aparente simplicidade (que se calhar é só minha), tem múltiplos sentidos. É Cor,Corpo, Texto/Textura, e outras relações combinatórias e derivadas, que cada um é livre de realizar. Nas realizações que assim forem feitas encontrará o embate luz-sombra que, segundo Goethe, é a origem de todas as cores ("Os olhos não vêem formas, mas luz transporta em cor").
São nove as fases deste projecto, onde "nove", tal como na Vita Nuova de Dante, se associa ao "novo", por paronomásia. Ao fim de dois terços do projecto, creio que já estamos em condições de considerar que ele é uma forma magnífica de responder ao desiderato de Raoul Dufy: "Precisamos na pintura de algo mais do que apenas a satisfação de ver.
ALBERTO PIMENTA (Poeta, Ensaísta e Professor)
Na fotografia:
Obra nº 1 do projecto «CORPOtraçoCORPO - a poesia e a pintura» de ALICE VALENTE ALVES
título: «no tempo» - ano: 2003 - Díptico - 130x81 cm
Obra nº 1 do projecto «CORPOtraçoCORPO - a poesia e a pintura» de ALICE VALENTE ALVES
título: «no tempo» - ano: 2003 - Díptico - 130x81 cm
____________________________________________
...Quando fui pela primeira vez a Esposende, achei que sucedia alguma coisa de solene; como um rito. Era em Julho... (…)
O Verão é de todos. É uma festa fácil... Mas o Inverno desta vila – diga-se com digna beatitude – é um tempo de mais apego à natureza...... Um entendimento entre o Mar e a gente, entre o silêncio e a gente...
A vida é feita num qualquer lugar, porque na realidade,
o lugar da vida, é a vida enquanto arte, transportada num olhar das imagens do lugar, para o eterno e imaginário real.