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No sistema de Schopenhauer, a vontade é a raiz metafísica do mundo e da conduta humana; ao mesmo tempo, a fonte de todos os sofrimentos. Sua filosofia é, assim, profundamente pessimista, pois a vontade é concebida como algo sem nenhuma meta ou finalidade, UM QUERER IRRACIONAL E INCONSCIENTE. Sendo um mal inerente à existência do homem, ela gera a dor, necessária e inevitavelmente, aquilo que se conhece como felicidade seria apenas a interrupção temporária de um processo de infelicidade e somente a lembrança de um sofrimento passado criaria a ilusão de um bem presente. Para Schopenhauer, o prazer é momento fugaz de ausência de dor e não existe satisfação durável. Todo prazer é ponto de partida de novas aspirações, sempre obstadas e sempre em luta por sua realização: “Viver é sofrer”.
Mas, apesar de todo seu profundo pessimismo, a filosofia de Schopenhauer aponta algumas vias para a suspensão da dor. Num primeiro momento, o caminho para a supressão da dor encontra-se na contemplação artística. A contemplação desinteressada das ideias seria um acto de intuição artística e permitiria a contemplação da vontade em si mesma, o que, por sua vez, conduziria ao domínio da própria vontade.
Na ARTE, a relação entre a vontade e a representação inverte-se, a inteligência passa a uma posição superior e assiste à história de sua própria vontade; em outros termos, A INTELIGÊNCIA DEIXA DE SER ACTRIZ PARA SER ESPECTADORA. A actividade artística revelaria as ideias eternas através de diversos graus, passando sucessivamente pela arquitectura, escultura, pintura, poesia lírica, poesia trágica, e, finalmente, pela música. Em Schopenhauer, pela primeira vez na história da filosofia, a música ocupa o primeiro lugar entre todas as artes. Liberta de toda referência específica aos diversos objectos da vontade, a música poderia exprimir a Vontade em sua essência geral e indiferenciada, constituindo um meio capaz de propor a libertação do homem, em face dos diferentes aspectos assumidos pela vontade.
A Ética de Schopenhauer não está presa à noção de "dever", rejeitando assim todas as formas imperativas e coercivas assentes em quaisquer doutrinas ou mandamentos, apoiando-se antes na noção de que a contemplação da VERDADE é o caminho de acesso ao BEM. E tal como Bento Espinosa, do ponto de vista teológico, elimina Deus e substitui-o pela VONTADE superior da NATUREZA.
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