E após esta segunda manifestação de professores deste ano, aí está (notícia hoje no Público: aqui e aqui) a violência do Ministério da Educação sobre as Escolas e em seu Ensino. E para reflexão, deixo-vos com excertos deste meu texto de 26 de Março de 2008, AS VÍTIMAS:
(...) A maior parte dos que estão a ensinar no nosso país e assim como os que estão a aprender no nosso país e por sua vez, os pais que criam os seus filhos e que os mandam para as escolas públicas do nosso país, é por obrigação e necessidade que o têm de fazer.
E aí estão as vítimas ou os vários tipos de vítimas, todas juntas e que são:
- Os pais que criam filhos e que os têm de mandar para estas escolas públicas
- Os filhos que são obrigados pelos pais a terem de aprender nestas escolas
- Os alunos que têm de respeitar as regras das escolas onde estão inseridos e
- Os professores que têm de ensinar nestas escolas porque não encontraram no mercado de trabalho outra ocupação profissional.
(...)Como é que uma ministra da Educação e um chefe de Estado do nosso país com todos os que os rodeiam e que se vão tentando proteger com tanta malvadez, fecham os olhos a um ajuntamento de 100 mil professores na rua?E depois com toda a crueldade que lhes apraz, ainda culpam as vítimas!
Escusam esses senhores que pretendem tornar-se os vitoriosos deste país à custa descarada de tantas vítimas numa cabal construção de mais e mais exclusão social, o de querer enganar a baralhar tudo e todos, e de ainda por cima, tentarem arranjar culpados nas vítimas!É que é impensável continuarem a agir assim, vão-se dar mal! Isso é desumano, muito desumano!Era a mesma coisa que nas ideias hitlerianas ou no nazismo, culpar por existir, todo aquele que nasceu judeu! É horrível, não é?...
É que mais depressa do que esperamos algo irá acontecer tal como, e em referência ao «acontecimento» em Alain Badiou, que nos indica que o ser insatisfeito com o que lhe é completamente intolerável a nível do colectivo ou do Todo, ou seja o «ser-acontecimento» movimenta-se num qualquer acreditar (em devir) ao que sabe, que irá acontecer inevitavelmente, em ruptura e a acabar com o que é lhe insuportável humanamente. E esse «acontecimento» indefinido e sem hora marcada, surge de um nada que embora de uma imposição estável, se vai delineando com o somatório dos diferentes intervenientes instáveis e fiéis a esse mesmo «acontecimento» e acabando por antecipá-lo em si mesmo. E temos como exemplo em Portugal deste «acontecimento»: o 25 de Abril.
E por isso, todos aqueles que agirem nesta insistência de continuarem a contribuir para uma atroz exclusão social, ir-se-ão dar mal. E ainda por cima nos tempos que correm, que a História já não se faz como dantes, a ser adulterada e porque só pertença dos que detém o poder. Neste momento todos poderão intervir para uma História feita com mais verdade.
E termino com o excerto final deste meu post: «O perigoso Psico-Ensino»:
Estratégias mercantilistas não funcionam nem com a Educação nem com a Cultura. Tanto o Ministério da Educação como o da Cultura são a única garantia do equilíbrio de uma sociedade mais justa e humanizada em seus valores de ética e estética. Se misturarem a Educação e a Cultura com as outras áreas da Economia e da Política, entramos efectivamente num descalabro social.