À Terra que come e dá de comer
É a Terra que trata do resto, da sobra e das sobras
Assim e agora como se quer a Terra
Não
A Terra não trata do resto
Em todo o resto que por tornado lixo
De lixo feito a torto e a direito
Ou lixo feito por tudo e por nada
E sem mais restos porque transformados em lixo
De lixo que não alimenta a Terra
Em Terra que não se semeia com lixo
Da Terra que assim não poderá dar de comer
Terra que por excluída
Em alvitrados eleitos das irracionais vias
De um qual Deus e Mercado
E da fé quanto baste
Em Terra substituída
Pelo Mercado e em seu Deus
Incumbidos que tudo resolveriam, do resto
E do lixo também
Não
Esse Deus e esse Mercado não trataram
Nem tratarão do resto e do lixo
Só a Terra tratará do resto
Mas note-se que a Terra tratou, trata ou tratará do resto, mas sem lixo
E eis que chega a Crise
A Crise, essa que se junta bem ao Mercado e ao seu Deus
E aos que ainda querem que assim seja
Crise que bem assente em tudo o que é lixo
E em qual resto que nos resta, mas agora só de lixo
Crise que tratará do resto e de todo o lixo
Para continuar em Lixo ou Crise?
Mas
Mas ainda a Terra
E é nela e com ela que iremos continuar
Sem para já daqui se possa sair
E para que a Terra trate do resto
Ou para que a Terra continue a tratar de todos os restos
E a tratar de todos nós sem sermos tidos de lixo
Como de resto nos apraz por cá continuar
Teremos de voltar à Terra
A olhar para ela e por ela
A ver o que ela sempre nos consegue dar
Terra
Em Terra que trata do resto