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Criação Artística e os conceitos usurpados à Arte na Criação

O roubo e a falsificação de vários conceitos das áreas do artístico, tais como «criatividade», «criação» ou «criação artística» e até «estética» tem sido feita ao mais alto nível da manipulação psicológica, tanto pelas economias e em suas empresas, como pelas políticas e em seus governos, e ainda pelos produtores de uma nova indústria de cara lavada ao que é cultural. Será então que teremos de dividir a criatividade em duas partes? Talvez, em criatividade artística por um lado e em criatividade inventiva por outro, para assim nos entendermos melhor?

E até já se fala, muito normalmente de criatividade, como de competitividade se se tratasse. É possível, desde quando? É que os produtores das proveitosas e económicas ideias que pretendem que nas empresas não se gere estagnação produtiva devido às rotinas das respectivas tarefas e em seu cansaço ou desmotivação psicológica, inventaram, claro está, a criatividade competitiva, é interessante, não é? Talvez uma boa forma de remediar o que não tem remédio, que é produzir mais e mais, negligenciando o desenvolvimento do intelecto no fazer através de sensibilidades, gerando luta ou lutas com tudo e com todos e até claro está numa guerra psicológica com os respectivos parceiros de carteira, colegas de trabalho, amigos e até familiares. Uma muito pouco salutar forma de se viver e trabalhar a arranjar riqueza, pelo inevitável resultado que daí advirá e com ele o gerir o tal empobrecimento interior.

E por isso se confunde invenção com criação e criação com produção, novo com novidade, e criatividade para muitos até é competitividade, enfim palavras que são postas num mesmo saco e por isso sinónimos tão convincentemente convenientes uns dos outros, e porque até é assim que se lê ou que interessa ler em muitos dicionários. E a tal «estética» que se comercializa por aí, nessa evidente beleza do que é a sedutora exterioridade da vida ou ainda como que a única razão em moda de vidas?

Mas usurpando à arte os seus conceitos, nem tudo lhe poderá ser roubado, afinal qual o significado da Criação para a Arte ou seja, o que é a Criação Artística?

E exactamente porque a sedução oculta ou falseia a aptidão ou capacidade de pensar e em capacidade de pensar, que por sua vez será sempre pertença da beleza artística. Por isso a beleza artística, jamais se reconhece na sedução. Assim a criação ou criação artística é uma acção ou dinâmica completamente inexplicável e que espontaneamente faz irromper o ser do nada, a diferenciar-se do trabalho, da técnica ou da produção. Embora se queira associar estes processos do ressurgimento do nada na arte e no que é artístico como afronta às leis da natureza e dando-lhes um sentido do teológico ou transcendental, não creio que seja esse a via louvável para o seu entendimento.

É que nestas vias, ainda há um longo caminho, a percorrer… E lá iremos!

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