Sobre_ ALI_SE
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a árvore ao jardim

Um porquê do agora



As decisões, os momentos, o que os outros querem, o que os outros decidem, o que os outros entendem. Os outros, os outros, os outros e nós. Nós não existimos. O ‘nós’ é o somatório das individualidades, esse ‘nós’ com os mesmos interesses.
Ontem estive e deixei de estar. Não estive nem deixei de estar.
Simplesmente os caminhos arrepiam-se ao acaso.
E os acasos esses do ‘nós’ encontram-se antes do depois. 
E o agora não existe. O durante sim.
Porquê o agora se desfaz num tempo presente que se evade para o outro seu tempo em futuro.
E agora que digo. Que não existo, que não existirei, que não me prolongo no tempo dos outros. No tempo e no espaço dos outros que não é o meu. Esse meu tempo que me diz em jeito e em movimento o que olho, o que me olha, o que enfrento de qual tempo.
E ficar-se sério e calado e silencioso no meio das multidões que se vão manobrando, articulando sem se aperceberem do acontecimento contrário ao que lhes advém.


ALICE  VALENTE




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