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a árvore ao jardim

CORAGEM

A coragem é uma questão de liberdade.

E a verdadeira liberdade não está no julgar-se que existe uma liberdade absoluta e sem limites, e em liberdade essa que tenha de ser construída em parâmetros assentes por modelos e ideais de práticas teorizáveis e a empurrar fatalmente toda uma sociedade onde apenas se apela ao mercado e ao trabalho - por consumo e por consumidores -, essa é uma ideia sem sentido e que está completamente fora de toda a capacidade do que é ser-se humano a ser-se livre. E liberdade existe, e existe sim, mas sempre adentro do limite ou da delimitação e mesmo que com mais ou menos constrangimentos, é no criar ou na criação, que se dá a transformação ou a alteração e a modificação para melhor do ser humano.

E é nesse hostil território ou limite que nos é imposto, que poderá advir a devida coragem para a transformação, primeiro no singular e depois no colectivo. E por isso, os limites são contributivos para uma liberdade, para ‘a liberdade’ e para uma sociedade mais livre.

E este exemplo de coragem para se seguir em liberdade, sempre esteve presente na criação e nos processos criativos de um artista. Sendo assim que a transformação só existe pelos valores de uma interioridade que estão no ser humano e sempre associados ao limite, e não em seu contrário como nos é dado crer. Assim se conhecermos os nossos limites, a todos os níveis, a qualidade surgirá e poderemos efectivamente fazer com que a coragem e ousadia por dignidade humana surjam para que se efective essa mesma transformação para melhor, numa sociedade, nas vidas das pessoas, no ser humano.

A coragem surge sempre de uma consciência do que é humano e em seu limite. Há que agir mas em conformidade com os valores de uma interioridade, e que estão normalmente em confronto com essa exterioridade por materialidade de materialidades sem limites. E em exterioridade essa que infelizmente nos tem sido imposta primeiro que tudo, e a apontar-se como único objectivo, o aniquilar a dignidade humana e a lançar assim as pessoas e as sociedades para o caos, para a incerteza, para a dúvida, para o temor, para a cobardia, para o desânimo, para a fraqueza, para o pânico, para o horror, para o desumano.

E neste momento estamos já a assistir ao desmoronar desta estrutura social tão marcada por esses valores contrários à criação, e isto por estarem unicamente assentes em valores morais, e por exteriorizantes que são, jamais poderão contribuir para a devida transformação. Uma sociedade só se alterará para melhor se associada a esses mesmos valores da criação e da interioridade humana ou do pensamento enquanto ética e estética.

Aproveito para dizer que criar livremente é uma enorme responsabilidade, é o assumir que a liberdade interior existe e que não estamos aqui para fazer qualquer coisa e de qualquer maneira, é ir mais além a saber que algo de desconhecido que está em nós, terá de se revelar e superar-nos com a devida coragem, e a mostrar que afinal existe uma razão para o ser a ser-se humano.





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