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a árvore ao jardim

ANTI-ÉDIPO ... [04] - a abjecta relação


(...) Deve-se falar de castração no mesmo sentido em que se fala de «edipianização», e de que ela é a conclusão: a castração designa a operação por meio da qual a PSICANÁLISE castra o inconsciente, injecta a castração no inconsciente.


(...) Desde o princípio que a relação psicanalítica segue o modelo da relação contratual da medicina burguesa tradicional: a falsa exclusão de terceiros, o papel hipócrita do dinheiro – a que a psicanálise trouxe novas e burlescas justificações -, a pretensa limitação no tempo que se contradiz a si mesma reproduzindo uma dívida sem fim, alimentando um inesgotável transfert, suscitando sempre novos «conflitos». Causa-nos uma certa admiração dizer-se que uma análise terminada é, por isso mesmo, uma análise falhada, mesmo que essa afirmação seja acompanhada por um fino sorriso de analista. Espantamo-nos ao ouvir um experimentado analista dizer com toda a leviandade que um dos seus «doentes» ainda sonha ser convidado para lanchar ou tomar um aperitivo em sua casa, após vários anos de análise, como se isso não fosse um sinal de dependência abjecta a que o analista reduz os seus pacientes. Como é que a cura consegue provocar esse abjecto desejo de ser amado…?

(...)

GILLES DELEUZE e FÉLIX GUATTARI
ANTI-ÉDIPO – CAPITALISMO E ESQUIZOFRENIA
Assírio & Alvim, 2004

pgs. 63 e 67


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