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A exclusão social e os defraudados do Ensino

Ao dar-se de caras com um Ministério da Educação e em seus negócios competitivos.

Hoje ao entrar no blogue Fractura.net de Carlos José Teixeira, deparei-me com este texto: Educação | A Nova Forma de Repressão ou os Paradoxos da Política Educativa – de Elsa Cerqueira, Professora de Filosofia.
o mesmo texto, nos blogues de Paulo Guinote (Educação do Meu Umbigo), João Maduro (Matemática ... ), Anabela Magalhães e Helder Barros.
Texto este que me levou imediatamente a escrever sobre o que me preocupa, a competição ou competitividade e a exclusão social, e nessa relação com o que se ensina ou se tem ensinado ao longo dos tempos, e a levantar aqui a seguinte questão: qual foi ou será a finalidade do Ensino?

E porque a EXCLUSÃO social sempre se fez na aprendizagem e em seu ENSINO para com seus alunos ou aprendizes. E como consequência, assiste-se agora ao grande fenómeno deste negócio do que é o competitivo, e já tão bem advogado pelo Ministério da Educação, Escolas e em quais Professores.
E eis que aí estão, os descontentes que excluíram, sentem-se agora também eles, como os excluídos. Faz parte de uma teia de VÍTIMAS e em que PSICO-ENSINO instaurado há algum tempo, e de quem muito bem se vestiu preparando-se para ganhar e a ser bem sucedido nesses mesmos moldes do que é o NEGÓCIO ou o ganho: no ensinar como se faz para se ganhar com essa mesma exclusão.
Sobre estes excertos que escolhi e se seguem, do texto e em seus paradoxos e que a sua autora assinala em suas interrogações... De afinal se saber: quem quer ensinar o quê, a quem e com que finalidade ???
Paradoxo 1
(...) serão os não titulares menos preparados, do ponto de vista científico-pedagógico, do que os titulares?
(...) Como compatibilizar a “experiência” profissional do professor com o facto de, para efeitos do referido concurso, terem sido apenas validados os últimos sete anos de experiência profissional?(...)

Paradoxo 2
(...) O número de alunos por turma é variável e eles possuem traços de personalidade heterogéneos: uns são tímidos, outros mais extrovertidos, etc.
Instrumentos de registo pouco rigorosos poderão avaliar com rigor?(...)

Paradoxo 3
(...) É curioso constatar que a obsessão pela quantificação sirva os propósitos do Ministério da Educação nalguns casos como, por exemplo, para avaliar a percentagem de aprovação dos alunos, do 9º ano, nos exames nacionais, para discriminar escolas mediante um ranking cujas variáveis são díspares (não têm todas os mesmos exames, os mesmos níveis, o mesmo número de alunos inscritos) e seja irrelevante quando se trata de uma manifestação que envolve 120 000 professores!

Paradoxo 4
(...) Pergunto: Poderei pronunciar-me do ponto de vista psico-cognitivo sobre alunos que desconheço? Sobre quantos abandonarão a escola? Poderei prever e controlar as variáveis inerentes ao processo de ensino-aprendizagem antes deste ocorrer?
Os alunos não são meros produtos, resultados e, como tal, não podem ser coisificados, enformados, deformados, enclausurados em taxas e taxinhas pré-fixadas!
(...) O facilitismo é inversamente proporcional à qualidade do ensino-aprendizagem.

Paradoxo 5
(...) Sei o que valho como docente, sei o nível de conhecimentos que possuo na minha área. Terei que me submeter a este regime de classificações, também elas pré-anunciadas? Quem manipula quem? (...)

Paradoxo final
(...) Sou professora/educadora e a minha primacial tarefa é ensinar/educar com qualidade, desenvolvendo nos alunos o gosto pelo Saber, pelo Fazer e pelo Ser. Serem Pessoas dotadas, no futuro, de competências indispensáveis ao exercício de uma cidadania esclarecida, activa e interventiva. O legado de um professor é re-actualizado ao longo de cada minuto das suas existências.
Os meus alunos estão e estarão sempre em primeiro lugar.
(...) Política Educativa (...) como forma de repressão ... (...). Paradoxo mortal.
Sempre, intencionalmente ou não, os Professores fomentaram a exclusão na sala de aulas, e com ou sem directrizes dos seus responsáveis, exactamente porque sempre foi preciso seleccionar a escolher os melhores e a infelizmente negligenciar e humilhar, os tidos de incapazes, por uma qualquer autoridade que sempre nos fez crer nessa tal impositiva e conveniente forma do que é imperar ou nessa tal obediência e em que valores morais de um «Assim seja! Amén».
É agora, o próprio Ministério que fomenta a exclusão, mas descaradamente no seio dos Professores. Esses mesmos Professores que afinal cumpriram com o que lhes era exigido no seu tempo de alunos. Ou seja, aprenderam que a vida, ainda assim, faz-se de uma qualquer exclusão que os torna cúmplices do que lhes apraz serem seres de quais materialidades. E efectivamente em seu tempo de aprender, tiraram boas notas e assim não foram excluídos das escolas e da vida também, acabando por tirar os seus cursos como era e ainda é exigido nos parâmetros do que é ser-se bem sucedido. E prosseguindo suas vidas com essa mesma finalidade ou não, entraram para o Ensino a fazerem-se à EXCLUSÃO...
Ah, é que sempre foi assim, é uma mentalidade ou talvez seja uma fatalidade, instaurada por quem não quer pensar, em primeiro que tudo, a ter-se de obedecer a quem manda, numa resignação a aceitar o que mal está e simplesmente viver em suas superficialidades dessa mesma onda, a entrar-se nesse tal imperioso e tão cómodo barco do salve-se quem puder. Este viver no salve-se quem puder, o fim em si mesmo, do que é a competição e em suas competitividades, de jogos, guerras ou lutas, a não se querer perder ou a saltar borda fora. E a não se pensar profundamente na questão ou raiz fundamental do problema, tem-se como resultado a instauração das vias do que é confuso e problemático, a tornar-se a coisa em si, na mesma guerreira e conflituosa desordem que a problematizou, a seguir-se-lhe na pior forma possível e numa inevitável efectivação que terá de acontecer em alteração ao que mal está.
E privilegiando o que é o competitivo e em suas estratégias de negócio, efectiva-se o que é a EXCLUSÃO pelas mesmas vias. E esclarecendo o seguinte excerto do paradoxo 1:
Como compatibilizar a “experiência” profissional do professor com o facto de, para efeitos do referido concurso, terem sido apenas validados os últimos sete anos de experiência profissional?
Isto é competição, é o negócio em suas estratégias, é a EXCLUSÃO da parte do Ministério em suas vias de se proteger e a proteger os seus a quem, lhes é dado confiar e, que são aqueles em quem investiram, os do cientifico-pedagógico ou das cientificadades das Ciências da Educação e em Faculdade esta (Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação), instituída há mais de uma década, a única associada ao Ministério como autoridade máxima e em seus especialistas formados e muito bem preparados para formatar (sem mais extrapolações) no que é o actual Educar para a Competitividade.
Faz parte de uma teia de VÍTIMAS e em seu respectivo PSICO-ENSINO.
E aí está, mais feroz do que nunca, esse mesmo negócio do competitivo e em sua exclusão, e em pleno séc. XXI, e está para reinar a apanhar os desprevenidos e a apresentá-los de seguida, tão descaradamente e a todos em geral, mais cedo ou mais tarde, como, os defraudados!
Será que com intencionalidade ou não e com mais ou menos lucidez, toda esta finalidade do Ministério, da Ministra, das Escolas é a mesma que os Professores e da Sociedade em geral, a deixarem-se ater a toda esta EXCLUSÃO humanitária?
A assim ser, estamos perante a maior crise de todos os tempos, mas não uma crise económica ou política, e sim a assistirmos descaradamente à maior crise de VALORES de sempre.

E continuarei a afirmar :
Estratégias mercantilistas não funcionam nem com a Educação nem com a Cultura. Tanto o Ministério da Educação como o da Cultura são a única garantia do equilíbrio de uma sociedade mais justa e humanizada em seus valores de ética e estética. Se misturarem a Educação e a Cultura com as outras áreas da Economia e da Política, entramos efectivamente num descalabro social. (Excerto final do «O perigoso Psico-Ensino» )



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AS VÍTIMAS

O perigoso PSICO-ENSINO
A Educação Artística e o espartilho cientista
Clube Ministério da Educação

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