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a árvore ao jardim

Capital



Capital

E as flores crescem fora de vasos
Saltaram-lhes o âmbito
Em muitas e muitas árvores soma-se a frescura
Debaixo e acima de raízes
E sentados por dias
Lá onde se perde o anel do propósito

E não se enleiam as raízes a asfixiarem outras raízes
Essas raízes que se fazem de indivisas raízes
Das que sobem abaixo à procura de alimento
E das que descem acima à procura de movimento
São as raízes da Terra que ecoam

Tanto, mas tanto que nos cansa a mente. Come-se do prato cansado. Come-se. Comemo-nos escoando o calor que nos cansa. Descemos à plateia dos muitos, muito pouco. E às vésperas do festim de bastidores, retira-se a cortina velada. E aos montes amontoam-se as idas dos que não mais virão. Inertes.


Não digas
Não digas nada
Nem digas quem és
Não é preciso saber-se o que o outro é
Não somos assim nem do outro nem do ser-se
Somo aquilo que não podemos ser
Somos muitas vezes o que somos
Sem saber quem somos

Somos ou fomos?
Nem somos nem fomos
Vamos por que vivos

E os batuques
Tocam-se
Como que de mãos dadas e à roda
Dançados e unidos
Ora para lá ora para cá
O movimento dá-se
E o dia estava indo
Como nós
Por alegria




As Artes e as suas práticas

Toda a concepção e realização das artes e em suas manifestações artísticas insere-se sempre num pensamento Artístico-Filosófico. A arte jamais se poderá aliar a demagogias ou conceitos económico-políticos. Quero com isto dizer e a afirmar, que será impensável fazer-se das artes meros produtos de cura ou consumo. E porque, será sempre em seu inverso que se poderá despoletar a via da vida e do que é artístico ou seja, não é importante como se faz a obra e em seus mecanismos de pretensas ideias tecno-estereotipizantes, o que é preciso é que surja sempre numa espontânea e livre autonomia através do pensar e do sentir, a justificar na prática, a obra enquanto arte, pelo intuir, como a razão primeira do pensamento. E ainda no que diz respeito à vida enquanto vida, é através desse pensamento Artístico-Filosófico e em suas práticas e, porque lhes está subjacente, deixar que surja essa harmoniosa revelação de um saber no que é o criar a cuidar e proteger de tudo e de todos que nos rodeiam.

E o maior erro que aí vem e que salta já à vista, é o de querer pôr em prática uma Educação Artística, direccionada por cientificidades educacionais de modernices sem nexo, assentes em obsoletas e malogradas psicologias freudianas, lacanianas e até kleinianas e, entre outras que perpassam por aí em esfusiante e crescente expansão. Estudos estes que se têm revelado apartados das verdadeiras práticas do que é a força da criação artística. Em ideias estas que por tão redutoras, mesquinhas e ainda porque associadas a experiências mercantilistas e a permitirmos serem postas em prática, irão efectivamente destruir por completo toda a capacidade de se pensar, de se sentir, de se intuir e de se viver em valores de Ética e Estética.



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Desenha

Desenha-te em todos os teus jardins

E soma o ar que respiras à água que te bebe

Desenha sem lápis e sem papel

Desenha

Desenha-te à alma, à ética, à beleza, à essência

Desenha

Desenha sempre



O que é a POESIA ...

OS SIGNOS EM ROTAÇÃO

(...) Uma sociedade sem poesia careceria de linguagem: todos diriam a mesma coisa ou ninguém falaria, sociedade transumana em que todos seriam um ou cada um seria um todo auto-suficiente. Uma poesia sem sociedade seria um poema sem autor, sem leitor e, a rigor, sem palavras. Condenados a uma perpétua conjunção que se resolve em instantânea discórdia, os dois termos buscam uma conversação mútua. Transformação da sociedade em comunidade criadora, em poema vivo: e do poema em vida social, em imagem encarnada. (...)

A CONSAGRAÇÃO DO INSTANTE
(...) As palavras do poeta, justamente por serem palavras, são suas e alheias. Por outro lado, são anteriores a toda a data: são um começo absoluto. Sem o conjunto de circunstâncias a que chamamos Grécia nem existiriam a Ilíada nem a Odisseia; mas sem esses poemas tampouco teria existido a realidade histórica que foi a Grécia. O poema é um tecido de palavras perfeitamente datáveis e um acto anterior a todas as datas; o acto original com que principia toda história social ou individual; expressão de uma sociedade e, simultaneamente, fundamento dessa sociedade, condição de sua existência. Sem palavra comum não há poema; sem palavra poética tampouco há sociedade, Estado, Igreja ou comunidade alguma. A palavra poética é histórica em dois sentidos complementares, inseparáveis e contraditórios: no de constituir um produto social e no de ser uma condição prévia à existência de toda a sociedade. (...)

O VERBO DESENCARNADO
(...) Os "poetas malditos" não são uma criação do romantismo: são o fruto de uma sociedade que expulsa aquilo que não pode assimilar. A poesia nem ilumina nem diverte ao burguês. Por isso desterra o poeta e transforma-o em um parasita ou um vagabundo. Daí também que os poetas não vivam, pela primeira vez na história de seu trabalho. Seu labor não vale nada e este não vale nada traduz-se precisamente em um não ganhar nada. O poeta deve buscar outra ocupação - desde diplomacia até o roubo - ou perecer de fome. (...)
(...) A poesia não tem cotações, não é um valor que pode transformar-se em dinheiro (...)

(...) Com a mesma decisão do pensamento filosófico a poesia tenta fundar a palavra poética no próprio homem. O poeta não vê em suas imagens a revelação de um poder estranho. À diferença das Sagradas escrituras, a escritura poética é a revelação de si mesmo que o homem se faz de si mesmo. Desta circunstância procede o facto de que poesia moderna ser também teoria da poesia. Movido pela necessidade de fundar sua actividade em princípios qe a filosofia lhe recusa e que a teologia só lhe concede em parte, o poeta desdobra-se em crítico. (...)

(...) A missão do poeta consiste em ser voz desse movimento que diz "Não" a Deus e a seus hierarcas e "Sim aos homens. As Escrituras do mundo novo serão as palavras do poeta revelando um homem livre de deuses e senhores, sem intermediários diante da vida e da morte. A sociedade revolucionária é inseparável da sociedade fundada na palavra poética. (...)

(...) A missão do poeta é restabelecer a palavra original desviada pelos sacerdotes e pelos filósofos. "As prisões são construídas com as pedras da Lei"; os bordéis com os ladrilhos da Religião. (...) Mas a sociedade que a palavra do poeta profetiza não pode confundir-se com a utopia política. A razão cria cárceres mais escuros que a teologia. O inimigo do homem se chama Urizel (a Razão), o "deus dos sistemas", o prisioneiro de si mesmo. A verdade não procede da razão e sim da percepção poética, isto é, da imaginação. O orgão natural do conhecimento não são os sentidos nem o raciocínio; ambos são limitados e na verdade contrários à nossa essência última, que é desejo infinito: "Menos do que tudo não pode satisfazer o homem". O homem é imaginação e desejo: (...) Por obra da imaginação o homem sacia o seu infinito desejo e converte-se ele mesmo em um ser infinito. (...)

A BUSCA DO INÍCIO
(...) O homem é criador de maravilhas, é poeta, porque é um ser inocente. As crianças, as mulheres, os enamorados, os inspirados e mesmo os loucos são a encarnação do maravilhoso. Tudo o que fazem é insólito e não o sabem. Não sabem o que fazem: são irresponsáveis, inocentes. Ímans, pára-raios, cabos de alta tensão: suas palavras e seus actos são insensatos e, não obstante, possuem sentidos. São os signos dispersos de uma linguagem em perpétuo movimento e que desdobra diante de nossos olhos um leque de significados contraditórios - resolvido, por fim, em um sentido único e último. Através deles e neles o universo nos fala e fala consigo mesmo. (...)








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