Sobre o que é a “verdade”, é preciso fazer a distinção e em seu significado, exactamente porque se confunde “verdade” com “opinião” e por isso muitas vezes se ouve dizer que «as verdades únicas não existem» ou «a cada um a sua verdade». É que nestas frases que habitualmente ouvimos, a verdade tornou-se múltipla, e deixou de existir a intenção de procurar a verdade, e porque ela é já e vulgarmente aceite por verdades, verdades essas de quem opina às tais verdades (razões ou opiniões) pretendidas.
Sobre a «Verdade» ESPINOSA afirma, no seu Tratado Teológico-Político que:
E no seu Tratado da Reforma do Entendimento, ESPINOSA diz-nos que:
... Se negam, concedem ou opõem, não sabem que negam. concedem ou opõem e, portanto têm de ser considerados como autómatos, que carecem totalmente de espírito. (...)A verdade será sempre uma exigência de valor e essa pesquisa e procura da verdade diz respeito à reflexão filosófica, e assim Espinosa afirmar na Ética II, que a verdade revela-se por si própria e numa singular evidência:
Quem tem uma ideia verdadeira sabe simultaneamente que ela é verdadeira e não pode duvidar da verdade do seu conhecimento.
Aqui não se trata só da verdade por descoberta e que só diz respeito às ciências exactas, mas a dar-se valor à verdade por dignidade humana, e em verdade essa que nos mantém confiantes todos os dias, como num acreditar de algo que sabemos que vem, em devir por Verdade ou por uma Verdade que no fundo, é una e indivisível.
E a fazer assim a distinção, a «verdade» enquanto verdade universal, é inalterável e não se devendo pois, confundir com as contingentes opiniões humanas. É que aquilo que é verdade agora, sê-lo-á para todos e em qualquer circunstância: hoje, amanhã e sempre. Agora querer-se afirmar como arrogadas verdades, que «a cada um a sua verdade» é já e em si mesmo, uma "falsa verdade", embora podendo sim ser aceite, mas nas tais de “verdades” enquanto “opinião”.
Existe assim, uma “verdade única” e é sobre essa Verdade que no Traço:verde-oliva, a 7ª das nove cores do meu projecto «CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura» faço referência, e em que para além das características da cor e em seu projecto, procurei caracterizar este traço e em sua cor, no advir de uma Verdade precisa.
pormenor da obra nº 55 – «luzente» | acrílico sobre tela | 81x130cm | 2008
«CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura» de Alice Valente | traço (cor): Verde-oliva
«CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura» de Alice Valente | traço (cor): Verde-oliva