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a árvore ao jardim

Inteligência e Intuição - Consciente e Inconsciente



Este texto é a continuação do meu post «Instinto e Inteligência em BERGSON» e como resposta aos importantíssimos comentários de ALF.
ALF embora se apresente como anónimo na net eu conheço-o pessoalmente e está fazer um admirável trabalho de investigação por gosto e conta própria, para além  de ser um grande crítico da ciência. E os seus estudos e textos têm sido apresentados nos seus blogues: «outra física» e «outra margem».

ALF: Mas sei que a minha "Inteligência" vem do Inconsciente e não do consciente; e que o papel deste é sobretudo questionar as respostas do inconsciente, ou seja, da Intuição do Bergson.
 
ALF: Ou seja, no fundo, estou de acordo com o Bergson e contigo na ideia de que a Intuição é fundamental, só que não gosto da palavra "Intuição" a não ser que se esclareça que se trata de "inteligência inconsciente"; e não estou de acordo quando ao papel do consciente, embora também não saiba defini-lo com muita clareza.



Apesar de ALF não gostar do termo de «Intuição» e eu não gostar do termo de «Inteligência», em termo este que sei que gosta e tem desenvolvido estudos, através de uma classificação exposta por vários níveis, etapas ou processos de inteligência, um trabalho completamente ímpar e que muito tenho apreciado, acompanhado e aprendido. Embora o colocar a Inteligência em tudo, mesmo com os vários níveis que o ALF define de inteligência e incluindo não só o consciente mas também o inconsciente nesse mesmo processo, possa ser muito, mas muito perigoso.

Por isso há a salientar, como a inteligência sempre foi tida: enquanto autoridade do pensamento. E por concordar com Bergson, eu recorra ao seu trabalho e crítica que faz sobre a Inteligência, nessa mesma distinção entre "inteligência" dum lado e, do outro lado, "instinto e intuição". E quando eu me referia em post´s anteriores a essa minha necessidade de um «Entendimento» que está muito acima do que é a Inteligência e a usar, o termo "Entendimento" não para o que é inteligível e em sua compreensão, mas sim desse entendimento que urge e que está para além do que existe em nós (de inconsciente e até de subconsciente) como sendo a mais-valia, para que se dê efectivamente a Evolução com toda a naturalidade e a que Bergson define como Evolução Criadora.
 
Nesta afirmação de
ALF: Quanto à ideia de que a "intuição" tem a ver com "coisas", ou "conhecimentos" e a "inteligência" com "relações"

É afinal, contraditória ao que afirmei: … a inteligência faz naturalmente uso das relações e em que para o conhecimento nato, as coisas estão para a inteligência tal como as relações estão para o instinto.

E o perigo está em que a inteligência pretende abarcar tudo e ter todo o domínio sobre "o todo" e ainda sobre a vida e o pensamento e que até frisei na frase (do meu comentário ) e que destaco aqui (em bold) e exactamente porque "há coisas que apenas a inteligência pode procurar" a dar exemplo das muitas teorias que vai construindo, ela ainda pretende ter todo e qualquer domínio sobre a vida e o pensamento.

É que colocar o inconsciente do lado do que é a inteligência ou do lado do que a inteligência nos reserva, é tentar tornar o inconsciente o que ele não é, uma mera "coisa" fechada em si mesma e permissível ao que a ciência (d'agora) e as religiões (d'outrora e ainda d'agora) sempre o tentaram ou ainda tentam submeter: dotando-o de incapacidade. É que o consciente, perante a acção das actividades do que é inteligível, e embora pareça que o consciente tenha "um querer" autónomo ele só se poderá afirmar em "querer" quando a relação se dê em consciência pelo inconsciente (em Intuição).
É que um pensamento ou um pensamento verdadeiro só vem ou acontece quando quer e não quando se pensa que se quer ou que cada pessoa quer que assim seja. Esse tal pensamento fruto do inconsciente não é o mesmo que é considerado de pensamento pela inteligência ou o pensamento relativo ao consciente e que tem pois o significado de memória, de memorizar feito de hábitos ensinados ou mecanizados.


ALF: O Inconsciente não é omnisciente. Nem sempre acerta. Ele obedece aos critérios que tem programados que eu nem sempre sei quais são. Tenho de analisar com cuidado as indicações que dele recebo.

E relativamente à acção da Intuição ou do Inconsciente na inteligência, tal como ALF e eu habitualmente pomos em prática, a Intuição ou «Inconsciente-inteligente» (e aqui já para usar um novo termo que seja mais adequado às teorias de ALF e em alternativa à "inteligência inconsciente" que propôs), precisamente porque respeitar cegamente o que nos é imposto, torna-se de tal forma um mal tão natural e porque associada a uma inteligência consciente e que se poderá intitular de pensamento sem boa-vontade ou pensar em má-vontade (naquilo que teremos de nos submeter e conscientemente aceitar), caminho a que o progresso se tem afirmado como seguramente inteligível. Ora como eu considero que existe uma Vontade (que nos é exterior) e que inclui: uma má-vontade e uma boa-vontade. E em Boa-Vontade onde os Desejos estarão inteira e autonomamente a serem direccionados ou bem relacionados. E quando falo de Desejo ou desejos, considero-os sempre o que melhor existe em nosso pensamento e porque atidos a uma qualquer força de expoente máximo da nossa capacidade de pensar com toda a ética e estética.
 

ALF: Esta é uma matéria onde a nossa ignorância é abissal...

Mas como Progresso não é Evolução e em que por sua vez, Evolução não é Progresso, quero com isto dizer e a questionar:
O que dizer ou o que fazer ao tão desconsiderável caminho ao qual temos progredido ou prosseguido teimosamente e que se tem desviado da Evolução a que o Inconsciente e em boa vontade nos tem querido por sua vez, encaminhar?

 



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Instinto e Inteligência em BERGSON

(...)

Se o instinto é, por excelência a faculdade de utilizar um instrumento natural organizado
, deve envolver o conhecimento inato (virtual ou inconsciente, é verdade) tanto do instrumento quanto do objecto ao qual este se aplica. O instinto é portanto, o conhecimento inato de uma coisa. Mas a inteligência é a faculdade de fabricar instrumentos inorganizados, isto é, artificiais.

Um ser inteligente traz consigo os meios necessários para superar-se a si mesmo.

Supera-se no entanto menos do que gostaria, menos também do que se imagina fazer. O carácter puramente formal da inteligência priva-o do lastro do qual precisaria para pousar nos objectos que seriam do mais alto interesse para a especulação. O instinto, pelo contrário teria a materialidade requerida, mas é incapaz de ir buscar seu objecto tão longe: ele não especula. Tocamos no ponto que mais interessa nossa presente investigação. A diferença entre que iremos assinalar entre o instinto e a inteligência é aquela que toda nossa análise procurava desentranhar. Nós a formularíamos assim: Há coisas que apenas a inteligência é capaz de procurar, mas que, por si mesma, não encontrará nunca. Essas coisas, apenas o instinto as encontraria; mas não as procurará nunca.
(...)
HENRI BERGSON A Evolução Criadora
Excertos do capítulo II

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À vista de querer entrar

à janela da porta e de costas para a paisagem



Poesia e Fotografia de ALICE VALENTE



Olhar o céu por um lugar ao Sol


Do documentário «HOME O Mundo é a nossa casa»:
 
(...)
Cada vez mais depressa. Nos últimos 60 anos, a população da Terra quase triplicou e mais de 2 mil milhões de pessoas foram viver para as cidades.
(…)
Cada vez mais depressa. Em Xangai foram construídas 3 mil torres e arranha-céus em 20 anos e mais algumas centenas em construção. Actualmente mais de metade dos 7 mil milhões habitantes do mundo vivem em cidades. Nova Iorque a primeira megalópole do mundo, é um símbolo da exploração da energia que a Terra fornece à genialidade humana. A mão-de-obra de milhões de emigrantes, a energia do carvão, o poder desenfreado do petróleo. Da electricidade resultou a invenção dos elevadores, que por sua vez, permitiu a invenção dos arranha-céus. Nova Iorque ocupou o lugar da 16ª maior economia do mundo.
(…) O automóvel tornou-se o símbolo do conforto e do progresso. Se este modelo fosse seguido por todas as sociedades, o planeta não teria 900 milhões de veículos, mas sim 5.000 milhões.
Cada vez mais depressa o mundo se desenvolve.

(…)
A maior parte dos bens de consumo viajam milhares de quilómetros desde o país produtor até ao país consumidor. Desde 1950 0 volume de comércio internacional aumentou 20 vezes. 90% do comércio são feitos por via marítima. São transportados 500 milhões de contentores todos os anos com destino aos maiores centros de consumo do mundo, como o Dubai.
O Dubai é um dos maiores locais de construção do mundo, um país onde o impossível se torna possível, construir ilhas artificiais no mar, por exemplo. O Dubai tem poucos recursos naturais, mas com o dinheiro proveniente do petróleo pode importar milhões de toneladas de material e mão-de-obra de todo o mundo. Pode construir florestas de arranha-céus, cada uma mais alta que a anterior ou até uma estância de esqui no meio do deserto. Dubai não tem terra arável, mas pode importar comida. O Dubai não tem água mas pode desperdiçar uma quantidade imensa de energia para dessalinizar a água salgada e construir os arranha-céus mais altos do mundo. O Dubai tem quantidades intermináveis de luz solar, mas não tem painéis solares. É a cidade dos excessos onde os sonhos mais impensáveis se tornam realidade.
O Dubai é uma espécie do culminar ocidental com o seu totem de 800 metros à modernidade total que não pára de impressionar o mundo. Exagerado? Talvez!
O Dubai parece ter feito a sua escolha: é uma espécie de farol para todo o dinheiro do mundo.
Nada parece mais distante da Natureza do que o Dubai, apesar de nada mais depender da Natureza do que o Dubai. A cidade apenas segue o modelo dos países ricos.
Ainda não percebemos que estamos a esgotar o que a Natureza nos oferece.

(…)
Perto de mil milhões de pessoas estão a morrer à fome.
Mais de 50% dos cereais comercializados em todo o Mundo são usados para alimentar animais ou para produzir bio-combustíveis. 40% da terra arável está degradada. Todos os anos 13 milhões de hectares de floresta desaparecem. Um em 4 mamíferos, uma em cada 8 aves, um em cada 3 anfíbios estão em extinção.

As espécies estão a morrer a um ritmo mil vezes superior ao que é natural.

¾ das zonas de pesca estão esgotados, reduzidos ou correm esse risco. A temperatura média dos últimos 15 anos foi a mais alta de que há registo. A calota de gelo perdeu 40% da sua espessura em 40 anos. Pode haver no mínimo duzentos milhões de refugiados devido ao clima em 2050. O preço das nossas acções é elevado. Outros pagam o preço sem terem o envolvimento activo.

Eu já vi campos de refugiados do tamanho de cidades estendendo-se pelo deserto. Quantos homens, mulheres e crianças, são deixados pelo caminho, amanhã?
Será que temos sempre que construir muros para quebrar a cadeia da solidariedade humana, separar os povos e proteger a felicidade de uns da miséria dos outros?
É tarde demais para ser pessimista.
Eu sei que basta um ser humano para derrubar todos os muros.
É tarde demais para ser pessimista.
Em todo o mundo 4 de 5 crianças frequentam a escola. Nunca a educação chegou a tantos seres humanos. Toda a gente do mais rico ao mais pobre pode dar o seu contributo.
O
Lesoto, um dos países mais pobres do mundo, é proporcionalmente aquele que mais investe na educação do seu povo. O Qatar um dos países mais ricos do mundo, abriu as portas às melhores universidades. A cultura, a educação, a investigação são recursos inesgotáveis.
(…)
Os primeiros parques naturais foram criados há pouco mais de um século, abrangem mais de 13% dos continentes, dão origem a espaços onde a actividade humana está em sintonia com a preservação das espécies, solos e paisagens.
Esta harmonia entre seres humanos e Natureza pode tornar-se a regra e deixar de ser a excepção. Nos Estados Unidos, Nova Iorque apercebeu-se do que a Natureza faz por nós. Estas florestas e lagos fornecem-nos toda a água potável que a cidade necessita.
Na
Coreia do Sul as florestas foram devastadas pela guerra, graças a um programa de reflorestação nacional, estas voltaram a cobrir mais de 65% do país. Mais de 75% do papel são reciclados.
A
Costa Rica teve de escolher entre a despesa com o exército e a conservação do seu território. Já não tem exército, prefere dedicar-se à educação, ao eco-turismo e à protecção da sua floresta primitiva.
O
Gabão é um dos maiores produtores de madeira do mundo. Aplica o método do abate selectivo de árvores, não mais do que uma por cada hectar. As suas florestas são dos recursos económicos mais importantes do planeta, mas é-lhes dado tempo para se regenerarem.
Existem programas para garantir a gestão sustentável das florestas. Esses programas devem tornar-se obrigatórios. Para os consumidores e para os produtores isso é uma oportunidade que deve ser aproveitada.
Quando o comércio é justo, quando tanto o comprador como o vendedor beneficia, todos podem prosperar e conseguir um rendimento decente.
Como pode haver justiça e igualdade, entre pessoas cujas únicas ferramentas são as mãos e aquelas que praticam agricultura com máquinas e subsídios do Estado? Sejamos responsáveis, consumidores. Temos de pensar naquilo que compramos. É tarde demais para ser pessimista. Eu vi, a agricultura à escala humana pode alimentar o planeta inteiro, se a produção de carne não tirar a comida da boca das pessoas.
Já conheci pescadores que cuidam daquilo que pescam e protegem as riquezas dos oceanos.
Já vi, casas que produzem a sua própria energia. Há 5.000 pessoas a viver no primeiro bairro amigo do ambiente em Friburgo na Alemanha. Há outras cidades que fazem parte do mesmo projecto. Bombaim é a milésima cidade a juntar-se a ele.
Os governos da
Nova Zelândia, Islândia, Áustria, Suécia e outros países, fizeram do desenvolvimento de fontes de energia renovável, a prioridade máxima. Eu sei que 80% da energia que consumimos vêm de fontes de energia fósseis. Todas as semanas, só na China, são construídas duas novas centrais eléctricas alimentadas a carvão. Mas também já vi na Dinamarca um protótipo de central alimentada a carvão que liberta o carbono para o solo em vez de o fazer para o ar. Será uma solução para o futuro? Ainda ninguém sabe!
Já vi, na Islândia uma central eléctrica alimentada pelo calor da terra, a energia geotérmica. Já vi uma cobra do mar a flutuar na rebentação para absorver a energia das ondas e produzir electricidade. Já vi, parques eólicos na costa da Dinamarca que produzem 20% da electricidade do país. Os Estados Unidos, a China, a Índia, a Espanha são os maiores investidores em energias renováveis. Já criaram mais de dois milhões e meio de empregos. Em que parte da Terra é que não existe vento?
Já vi extensões de deserto a torrar ao Sol. Tudo na Terra está interligado. E a Terra está ligada ao Sol, a sua fonte de energia original. Será que os seres humanos não conseguem imitar as plantas e captar a sua energia?
Numa hora o Sol fornece à Terra a mesma quantidade de energia que é consumida por toda a humanidade num ano. A energia solar será inesgotável.


Tudo o que temos de fazer é parar de furar a Terra e
olhar para o céu.
Tudo o que temos de fazer é aprender
a cultivar o Sol.
(...)






HOME, filme da autoria do realizador francês Yann Arthus-Bertrand, é constituído por paisagens aéreas do mundo inteiro e pretende sensibilizar a opinião pública mundial sobre a necessidade de alterar modos e hábitos de vida a fim de evitar uma catástrofe ecológica planetária.



Dia Mundial do Ambiente: 5 de Junho

ALI_SE : http://alisenao.blogspot.com/

Por vezes a divisão da mente

Por vezes sonhamos ou ficamos perdidos
Por vezes pensamos que estamos bem
Por vezes gostaríamos de aliviar a dor antes dela surgir
Por vezes sobem-se escadas a descer
Por vezes somos assim em que as vezes se dividem
Por vezes são essas vezes demais a absorver a distância do indesejável

E cansados do dia dessas vezes sem fim
E cansados do dia ao que nos inscrevemos
A escrever
O que já está dito
No que já está feito e que não se fará
E é ao som dessa voz em aragem
Que se sublima por vezes e tão de vez esse aperto

Deixei de ir
Deixei de pensar
Deixei de sonhar
A deixar-me nas imagens por palavras
Essas que nos arrepiam e acariciam
Essas feitas daquela outra mente que não mente

Poesia
Será que é doença
Aliviarmo-nos com as tais outras palavras por sentidos
Ao que aos sonhos não sabemos retribuir




Poesia, Desenho e Fotografia de ALICE VALENTE




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